domingo, 23 de setembro de 2012

Protesto Ultras Rayo Vallecano

Fala Cambada,
Vai ai uma forma de protesto interessante contra esses horários de jogos decididos pelas emissoras de TV, ao invés de privilegiar 

"Um episódio esquisito cancelou o jogo entre Rayo Vallecano e Real Madrid, neste domingo, no estádio de Vallecas, em Madri. O presidente do Rayo Vallecano, Raúl Presa, explicou que trata-se da atuação de  bandidos (lê-se torcedores de verdade). Cabos de energia elétrica foram cortados e, por isso, não teve iluminação suficiente para a disputa da partida, marcada para às 21h30 (horário local).
- Vândalos cortaram os cabos. Tentaremos corrigir o problema o mais rapidamente possível. Pedimos às autoridades que abram as portas do estádio, estamos esperando. Não sabemos de nada ainda, estamos esperando a polícia - disse o dirigente ao "Canal+".
Mesmo depois de 30 minutos passados do horário do início da partida, nenhum torcedor do Rayo tinha entrado na arquibancada e os jogadores ainda estavam nos vestiários. Apenas os ultras (torcidas organizadas) do Real foram encaminhados ao seu local.
Ainda de acordo com a imprensa, o vandalismo foi feito como forma de protesto por causa de novos horários de partidas na Espanha, como jogos às 23h (horário local), e outros na segunda-feira. E por ironia o jogo está marcado para o dia seguinte às 15h (de Brasília)."




LA VIDA PIRATA ÉS LA VIDA MEJOR!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Arrancada Heróica 70 anos


Fala Cambada,
Vai ai um texto homenageando os heróis da arrancada de 42, que pode servir de inspiração para os jogadores medíocres de hoje honrarem nossa história de lutas!




"Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões"

O ano de 1942, sem dúvidas, foi um dos mais simbólicos da história da Sociedade Esportiva Palmeiras. Isso se deve às interferências das quais esta gloriosa instituição foi vítima dentro do cenário político que o mundo vivia naquele período. Perseguição, preconceito, calúnia e difamação foram alguns obstáculos os quais o então Palestra Italia foi obrigado a enfrentar. Para se compreender os fatos de uma maneira mais clara, é preciso voltar um pouco mais no tempo.


INÍCIO DA SEGUNDA GUERRA

A eclosão da Segunda Guerra Mundial se deu em setembro de 1939, quando o exército alemão de Adolf Hitler (que estava ganhando forças após invadir vários países) tentou dominar o território da Polônia. Tal fato obrigou não só os poloneses a esboçarem uma reação como também foi a gota d’água para que outros países, principalmente os Estados Unidos e a Inglaterra, entrassem na disputa a fim de impedir uma hegemonia nazifascista e, com isso, perderem poder para outras potências mundiais. A Alemanha, por sua vez (como já era de se esperar), buscou apoio político-militar de outros países totalitários – os principais foram Itália e Japão. Naquele momento, começava a Segunda Guerra Mundial entre as nações democráticas (Aliados) e os países totalitários (Eixo).


BRASIL ENTRA NO CONFLITO

Durante o Estado Novo (1937 – 1945), o Brasil era governado sob um regime ditatorial liderado por Getúlio Vargas. Naquele início de guerra, o presidente tentava manter uma postura neutra, mas, aos olhos do resto do mundo, teria de definir sua situação diante daquele cenário, pois, ao mesmo tempo em que solicitava empréstimos de altos valores aos EUA (o que caracterizava uma parceria com o país norte-americano), adotava uma conduta governamental ao estilo dos países do Eixo, o que na época gerou uma grande polêmica. Alguns acontecimentos, como supostos ataques alemães contra navegações brasileiras, levaram o governo brasileiro a finalmente se alinhar militarmente aos EUA (que, politicamente, sempre estava disposto a ajudar o Brasil). Foi em 1942, então, que Vargas anunciava repressão total contra os países do Eixo.


PERSEGUIÇÃO AO EIXO

General Adalberto Mendes fala sobre as perseguições aos súditos do eixo
Após o Brasil se integrar à Aliança contra os totalitários, novidades logo começaram a surgir no estatuto republicano. Uma portaria homologada no dia 11 de março de 1942, sob decreto de número 4.166, determinava que os bens pertencentes a italianos, alemães e japoneses, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, poderiam ser confiscados e empregados pelo governo brasileiro para compensar os prejuízos resultantes de atos de agressão praticados pelos países em guerra contra o Brasil.

A partir de então, incontáveis instituições tiveram que mudar de nome mais do que depressa caso houvesse qualquer alusão ao Eixo. O Esporte Clube Germânia, por exemplo, agremiação de raízes alemãs, passou a se chamar Esporte Clube Pinheiros. O Palestra Italia de Minas Gerais, também já bastante tradicional no Brasil, virou Esporte Clube Cruzeiro. E com o Palestra Italia (sediado na capital de São Paulo) não seria diferente.

Os italianos, em especial, eram a “presa preferida” da alta sociedade, pois, para a elite brasileira, era inadmissível o fato de que italianos que vieram para o Brasil (fugindo de um clima de tensão em seu país de origem) pudessem conquistar algum tipo de status dentro da pátria. Os imigrantes italianos chegaram em massa no início do século XX e eram pessoas desprovidas de qualquer tipo de qualificação empreendedora. Vieram para o Brasil para serem operários, trabalhar nas lavouras de café para exportação (que era a principal atividade econômica do Brasil na época). A sintonia de união dos imigrantes, sempre esforçados, trouxe como consequência o destaque nacional não somente no esporte, mas também na cultura, na agricultura, na indústria e em todos os setores de atividades. O simples fato de os italianos terem colaborado extensivamente com a popularização do futebol, que anos antes era um esporte exclusivo da burguesia, incomodava em grande escala a elite brasileira, que, por sua vez, conseguiu apoio do governo (que já estava com os nervos a flor da pele como os italianos) para pressionar os palestrinos e demais oriundi. O fato de o Brasil participar da guerra apoiando a Aliança Democrática e atuar com suas tropas apenas em algumas regiões da Itália (diante de guerrilheiros nazifacistas de segunda linha) só semeou ainda mais o sentimento de ódio em relação aos italianos.


DE PALESTRA A PALMEIRAS
Ata de mudança de nome


Não demorou muito tempo para que novos empecilhos voltassem a atrapalhar os caminhos do Palestra, e um fato que não se pode deixar de mencionar foi a imprudência por parte dos dirigentes do São Paulo Futebol Clube. A agremiação tricolor era novata em comparação ao Palestra (que desde 1914 brilhava no futebol brasileiro). Inclusive, em 1938, o São Paulo chegou à beira da falência, o que só não aconteceu graças à organização de um torneio beneficente, conhecido como Jogo das Barricas, realizado pelos grandes clubes da capital (entre os quais, Corinthians, Palestra Italia e Portuguesa). A finalidade desta campanha era arrecadar fundos em prol do São Paulo, fazendo assim com que o rival pudesse manter-se ativo no futebol.

Em março de 1942, a diretoria palestrina foi obrigada a se alinhar às exigências do governo brasileiro e, pela primeira vez, foi assinada a mudança de nome da instituição, que perdeu o “Italia” do nome e passou a se chamar “Palestra de São Paulo”. Curiosamente, o escudo institucional ganhou uma adaptação: perdeu a cor vermelha e passou a ser basicamente verde e amarelo (cores da bandeira nacional).

Apesar da atitude solidária, o São Paulo não retribuiu os esmeraldinos com a mesma bondade ao ligeiramente perceberem certa facilidade em adquirir o patrimônio alviverde. Aproximadamente seis meses após a mudança de nome para Palestra de São Paulo, quando tudo parecia bem (e quando o time verde esmeraldino inclusive se destacava no Campeonato Paulista), o próprio São Paulo incentivou o governo brasileiro a prejudicar o Palestra, pois os dirigentes rivais enxergaram ali a possibilidade de ver o rival fechar as portas e, consequentemente, apossarem-se de todo seu patrimônio físico (principalmente o estádio, que à época era um dos mais modernos da cidade). Tudo isso, claro, com o apoio de pessoas importantes da época, como o Sr. Paulo Machado de Carvalho e o Tenente Porfírio da Paz (dirigentes do São Paulo), que usariam suas influências políticas e militares para “repatriar” o território esmeraldino.

Para que isso acontecesse, as partes colocaram em prática um plano maquiavélico, alegando que o time esmeraldino deveria sofrer consequências previstas em lei pela utilização “ilícita” do nome, que fazia alusão à Itália. No entanto, o Palestra já não tinha mais nenhuma ligação nominal com a Itália, além do mais, apesar de ser um clube fundado por italianos, sempre foi genuinamente brasileiro. Mesmo assim, as entidades insistentemente tentavam prejudicar o time, sob a alegação de que palavra “Palestra” era uma palavra de origem italiana. O detalhe é que a palavra “Palestra” não tem nenhuma ligação ao dialeto italiano, e sim, é de origem grega.

A fim de evitar qualquer tipo de cisão com o governo e de driblar o preconceito, os dirigentes do Palestra se reuniram novamente e decidiram que haveria uma segunda mudança de nome, caso contrário, certamente o clube estaria sujeito à perda total de patrimônio.

Outro detalhe importante é que, poucos meses antes deste novo capítulo de perseguição, o Palestra ganhou o apoio de um personagem extremamente relevante. O General Adalberto Mendes (que, na época, ainda era capitão do exército), veio do Vasco da Gama, no qual exercia a função de diretor de esportes. Por ironia do destino, quando foi designado pelo exército brasileiro a servir na cidade de São Paulo, encontrou por acaso um velho amigo, de nome Ernani Jota, que era fortemente ligado ao Palestra Italia. Este serviu de “ponte” para interligar o militar aos dirigentes palestrinos. De imediato, o capitão se identificou com o Palestra, pois foi bem recepcionado pelo presidente Ítalo Adami e acabou criando ali laços de amizade com os dirigentes esmeraldinos, além de tornar-se um fervoroso torcedor do clube. Uma grande verdade, é que, naquele momento, mais do que nunca, o Palestra Italia precisava de uma figura patriota que blindasse ou pelo menos amenizasse o clima de hostilidade do qual o clube era vítima naquele momento. Assim, o então Capitão Adalberto Mendes assumiu um cargo de importância na diretoria palestrina, sendo nomeado pelo presidente Ítalo Adami para assumir o posto de 3º vice-presidente.

No dia 14 de setembro de 1942, Ítalo Adami reuniu os dirigentes palestrinos para oficializar o novo nome, que, por sugestão do Sr. Mário Minervino (membro da diretoria palestrina), passou a se chamar Sociedade Esportiva Palmeiras: "Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões", bradou Minervino. Alguns dizem que a escolha do novo nome se deu devido à vasta quantidade de palmeiras, árvores tipicamente brasileiras, dentro das dependências do clube. Outros, porém, cogitam que a escolha do novo nome fora alusiva a um velho e leal adversário do Palestra Italia no início do século, a extinta Associação Atlética das Palmeiras. O fato é que o novo nome soava bem e foi bem aceito pelos dirigentes na reunião.


PRÉ-JOGO E A BANDEIRA NACIONAL



Após uma semana extremamente conturbada com o episódio da mudança de nome, o agora Palmeiras ainda teria de findar uma derradeira missão naquele ano. Durante todo o tempo que o time jogou com o nome de Palestra de São Paulo, realizou uma campanha um tanto quanto satisfatória no Campeonato Paulista: em 18 partidas, o time esmeraldino acumulou 16 vitórias e 2 empates, balançando as redes adversárias incríveis 61 vezes e sofrendo apenas 15 gols. Tal desempenho colocava o Palestra na liderança absoluta da competição.

Invicto até a reta final, o Palmeiras tinha mais duas partidas pela frente para encerrar sua participação no campeonato. Os dois próximos adversários seriam, respectivamente, o São Paulo e o Corinthians. E se o Palmeiras obtivesse apenas mais uma vitória em qualquer um dos dois jogos, nenhum outro time teria chances de ser campeão, pois não atingiria a quantidade necessária de pontos. Ou seja, se vencesse a equipe “sampaulina”, o Palmeiras já enfrentaria o Corinthians como campeão paulista, apenas para cumprir tabela.

A partida diante do time tricolor estava marcada para o dia 20 de setembro. O fato de disputar um jogo decisivo contra o São Paulo tinha um sabor especial para os palestrinos-palmeirenses, até porque aquela partida sintetizava a chance real de um resgate à memória do velho Palestra Italia.

Estavam equivocados aqueles palmeirenses que pensavam que tudo já estava resolvido e que o ambiente de harmonia iria pairar novamente a partir dali. Inconformados com a derrota na tentativa de tomar posse das dependências esmeraldinas, os dirigentes do São Paulo procuravam, de qualquer maneira, denegrir a imagem do Palmeiras, dizendo abertamente na imprensa que os palmeirenses eram italianos fascistas e inimigos da pátria.

Sem se deixar abalar, diretores, jogadores, membros da comissão técnica, torcedores e até mesmo simpatizantes do Palmeiras acompanharam atentamente o que a mídia paulistana publicava durante a semana que antecedia o clássico paulista. Todos sabiam o quanto seria difícil suportar a pressão que era feita sobre o Palmeiras e, mais do que isso, sabiam que seria mais difícil ainda reagir em uma reta final de campeonato diante daquela situação constrangedora. Entretanto, àquela altura, toda nação palmeirense já estava preparada para qualquer tipo de surpresa que pudesse acontecer.

Em 20 de setembro de 1942, o grande dia havia chegado. O estádio do Pacaembu, inaugurado dois anos antes pelo Palestra, seria outra vez o palco de mais um episódio glorioso da história do Palmeiras, time que já possuía umas das maiores torcidas da capital. A euforia tomava conta da cidade nos momentos que antecediam a partida.

Naquela tarde, milhares de pessoas lotaram o Pacaembu e, como já era de se esperar, a torcida antipalmeirense que estava concentrada em grande número já ensaiava uma impiedosa vaia para executá-la assim que o Alviverde surgisse no gramado. Ao perceberem a maneira com que seriam recebidos em campo, o time alviverde (intimidado) nada poderia fazer a não ser entrar de cabeça baixa e submeter-se às vaias, que, naquele momento, iriam arder na alma palestrina mais do que qualquer tipo de calúnia, injuria ou difamação. Foi exatamente neste momento que o Capitão Adalberto Mendes entrou em cena de maneira mais enfática. Como sugestão, deixou a brilhante idéia de que, quando o time fosse entrar em campo, entrasse carregando uma bandeira do Brasil. Além disso, o próprio militar ainda se habilitou a entrar junto com os jogadores, como linha de frente, “emprestando” a força do fardamento militar e a autoridade de oficial do exército brasileiro para impor respeito diante da torcida. Naquele instante, aquela ideia foi a maior luz que a Sociedade Esportiva Palmeiras poderia ter, até porque ninguém ousaria vaiar um time que estava sendo representado por um capitão do exército e entrava em campo com a bandeira nacional.

“Estávamos às vésperas de um jogo decisivo contra o São Paulo Futebol Clube, a equipe do Dr. Paulo Machado de Carvalho. Boatos diziam que haveria um clima de muita hostilidade por parte da torcida para com nossos jogadores, que realmente estavam preocupados. Percebi isso e notei também que nosso treinador, Del Debbio, tinha em mãos uma bandeira brasileira. Eu sabia que a exibição do pavilhão nacional só era permitida em eventos internacionais, mas chamei a responsabilidade para mim e orientei nossos atletas a entrarem, ao meu lado, carregando-o e o exibindo à toda a torcida que superlotava o estádio do Pacaembu. Após alguns segundos de surpresa por parte de todos, fomos muito aplaudidos e nenhum ato hostil nos foi desferido”, lembrou o próprio Adalberto Mendes, em depoimento concedido ao conselheiro Luiz Carlos Granieri, em 1982.

Ao adentrar desta maneira nos gramados do Pacaembu, o Palmeiras finalmente conquistou a confiança dos torcedores. Com isso, ao início da partida, todo o sentimento de apreensão que o time alviverde carregava foi para bem longe do estádio.


MORRE LÍDER, NASCE CAMPEÃO

Oberdan Cattani
                           
O clima de decisão havia tomado conta do Pacaembu e, naturalmente, a tensão pairava nos dois lados. Se o Palmeiras saísse vitorioso, sagrar-se-ia campeão paulista invicto e impediria que o rival, fundado em 1935, continuasse a luta pela primeira taça de sua história. Os jogadores demonstravam saber exatamente a relevância da partida. Tanto para o elenco quanto para os dirigentes e para a torcida, aquela conquista simbolizava uma vitória diante da batalha que o Palestra se viu obrigado a enfrentar durante o ano (que por pouco culminou no fechamento do clube). É claro que conquistar o título com aquela campanha impecável seria só mais um detalhe a engrandecer o orgulho dos palmeirenses. Por outro lado, o São Paulo, que naquele ano já havia perdido para o Palestra-Palmeiras outras batalhas fora de campo, mostrava muita raça durante a partida, pois uma derrota àquela altura somente iria aumentar a frustração e o fracasso do time, e ainda por cima, teriam que ver o Palmeiras ser campeão dentro do Pacaembu lotado.

No início da partida, o São Paulo criava boas oportunidades, mas, para a alegria dos torcedores esmeraldinos, o goleiro Oberdan Cattani, que até os dias atuais é considerado um dos maiores ídolos da história do Palmeiras, estava em um dia de muita inspiração e teve a felicidade de fazer boas intervenções desde o início do jogo. Tanta inspiração talvez fosse fruto da nova adaptação do uniforme de goleiro, que, a partir daquele dia, ganhava a cor azul (até então, os goleiros do Palestra só jogavam de branco). Há quem diga que a escolha da cor tenha sido uma espécie de “protesto subliminar”, fazendo alusão à cor da camisa da seleção italiana. Para alegria do Palmeiras, as autoridades não entenderam o trocadilho.

A felicidade do São Paulo, que criava algumas chances na partida, durou pouco. Logo aos 20 minutos do primeiro tempo, o atacante Cláudio Pinho abriu o placar no Pacaembu – o ponta teve a honra de marcar o primeiro gol do time com o nome de Sociedade Esportiva Palmeiras.

Apenas 3 minutos depois, o São Paulo empatou o jogo com Waldemar de Brito, para desespero dos palmeirenses. Partida nervosa, muito disputada, mas aos 43 minutos da primeira etapa, o Palmeiras voltou a ficar à frente do placar, com gol de Del Nero. O primeiro tempo terminou 2 a 1 para a equipe verde e branca. Ao início do segundo tempo, o São Paulo, que jogava pela vitória (para eles, o empate não adiantaria nada), tentava de todos os jeitos atacar o Palmeiras, tanto é que boa parte do jogo aconteceu no campo de defesa esmeraldino.

O “onze” do Palmeiras parecia estar fisicamente mais preparados do que o adversário – este talvez fora o motivo que levou o Palmeiras a chegar, aos 14 minutos da segunda etapa, ao importantíssimo terceiro gol, marcado pelo argentino Echevarrieta. O terceiro gol foi um alívio e tanto para o Palmeiras, porém ainda era muito cedo para que o time pudesse esboçar qualquer tipo de comemoração.

Mesmo o Palmeiras vencendo por 3 a 1, o jogo continuou muitíssimo equilibrado e imprevisível. Até que, aos 19 minutos do segundo tempo, o médio palmeirense Og Moreira invadiu a área adversária e sofreu uma entrada violenta do zagueiro são-paulino Virgilio, que atingiu um carrinho em cheio no rival. O árbitro, que acompanhava o lance de perto, viu tudo, marcou o pênalti e expulsou Virgilio. A revolta do time tricolor parecia interminável. Os são-paulinos não deixavam o Palmeiras cobrar o pênalti. E, seguindo orientações do capitão Luizinho, abandonaram a partida.

A equipe palmeirense comemorou o título ao apito do árbitro Jaime Janeiro, que ainda aguardou o término do tempo regulamentar para decretar o fim do jogo. Se por um lado o São Paulo decepcionou o público presente no estádio ao abandonar o campo, o que caracterizou deslealdade ao desporto brasileiro, o Palmeiras, por sua vez, subia no conceito dos paulistanos, que, àquela altura, já enxergavam a equipe como um clube brasileiro. Foi assim que o maior objetivo do Palmeiras foi alcançado, meta que só aumentou a força da instituição e embalou o Verdão a se destacar mais ainda como um gigante do mundo futebolístico. Ao final da partida, o treinador do Palmeiras, Armando Del Debbio, em tom de empolgação, proferiu uma famosa frase que descreve exatamente a importância da vitória do Alviverde em sua primeira partida com o novo nome: “O Palestra morre líder, e o Palmeiras nasce campeão”.

Neste capítulo vitorioso da história do Palmeiras, muitos personagens se doaram inteiramente para que fosse possível esta evolução institucional, mesmo que estivessem sujeitos a serem reprimidos, tratados com preconceito ou até mesmo chamados de fascistas e inimigos da pátria. Algumas pessoas chegaram a ser de certa maneira punidas pelas atitudes de bravura que enalteceram o Palmeiras. O próprio Coronel Adalberto Mendes relembra que, à época, algumas medidas radicais foram adotadas contra os defensores do Palestra: “Após a nossa ‘Arrancada Heróica’, fui vítima de muitas mentiras. Diziam que eu seria um ‘Quinta Coluna’, como também eram chamados os simpatizantes do nazifascismo. Por causa destes problemas, fui transferido logo depois pelo Comando Militar para o Rio de Janeiro (RJ) e, em seguida, para Recife (PE). Somente quando dei baixa, já depois de 1949, pude retornar a São Paulo. Aqui chegando, retomei minhas atividades no Palmeiras, do qual fui diretor de futebol em 1954 e também em 1963. Apesar destas represálias, jamais me arrependi do que fiz. Fico é gratificado porque contribuí para o bem de um clube oriundo de uma gente que fez muito por esta cidade. Se hoje o Estado de São Paulo é grande, deve isso à colônia italiana”.

Por estes atos de coragem e bravura, ficarão marcados para sempre na memória da Sociedade Esportiva Palmeiras nomes ilustres como dos dirigentes Adalberto Mendes, Ítalo Adami, Mario Minervino, Higinio Pellegrini, dos jogadores Oberdan Cattani, Junqueira, Del Nero, Waldemar Fiúme, Lima, o treinador Del Debbio e tantos outros que fizeram parte desta história, pois estes homens foram os responsáveis pelo início de uma nova era, que levou o Verdão a um dia consagrar-se Campeão do Século XX.

O “Garoto de Ouro”, o “motorzinho”, outro assombro, outro espantalho das defesas, o melhor meia-esquerda dos campos paulistas. Não só sabe jogar bem nessa posição como em qualquer outra onde é chamado a intervir. É – no dizer de Pimenta Neto – o cérebro e o coração do quadro palmeirense.

A “pedra preciosa”, rapaz dedicado, que nas vezes em que jogou desincumbiu-se bem da sua árdua missão.

Fonte: Revista Vida Esportiva, outubro de 1942

ALTERAÇÕES NOS ESCUDOS

ESCUDOS INSTITUCIONAIS

A Segunda Guerra Mundial não gerou mudança apenas no nome da instituição. Por influência direta do conflito, o escudo do clube foi alterado pela primeira vez em abril de 1942, subtraindo-se a cor vermelha e utilizando o verde, o amarelo e o branco, já com a nova denominação de Palestra de São Paulo. Em setembro de 1942, com a troca de nome para Palmeiras, surgiu o terceiro e definitivo escudo, que é utilizado até hoje. Em seu desenho, estão presentes apenas as cores verde e branca, além das referências à data da fundação do clube (26/8): 26 linhas horizontais dentro do brasão e 8 estrelas dentro de sua circunferência.



ESCUDOS DE CAMISAS

Se o escudo institucional teve três versões diferentes ao longo da história, o distintivo usado na camisa teve nove. Entre 1937 e 1942, vinha sendo utilizado como símbolo um círculo verde com as letras P e I escritas em vermelho. Mas, como consequência da Segunda Guerra, subtraiu-se o I do símbolo e trocou-se a cor vermelha do P pela branca. Este emblema foi utilizado até 1959, quando, finalmente, o distintivo da camisa passou a ser igual ao escudo do clube.



CURIOSIDADES TEMPORADA DE 42

Em toda a temporada de 1942, o Palestra-Palmeiras realizou uma campanha exemplar. Jogando apenas com o nome de Palestra Italia, o time disputou 9 jogos, dos quais venceu seis, empatou dois e perdeu somente um (para a Lusa), marcando 21 gols e sofrendo 12.

Já como Palestra de São Paulo, o aproveitamento foi ainda melhor. A equipe realizou 25 partidas, das quais obteve 19 vitórias, 2 empates e 4 derrotas, marcando incríveis 71 e sofrendo 29 gols. O detalhe curioso é que, com o nome Palestra de São Paulo, o time se manteve invicto em todas as partidas que disputou pelo Campeonato Paulista (18 jogos, 16 vitórias e 2 empates).

Jogando como o nome atual, o Verdão realizou 7 jogos, obtendo 3 vitórias, 3 derrotas e 1 empate, balançando as redes adversárias 18 vezes e sofrendo 12 gols. O grande destaque foi a vitória frente ao São Paulo (3 a 1), na qual o time verde esmeraldino teve a oportunidade de consagrar-se campeão em sua primeira partida.

Somando os números ao longo do ano, o Palestra-Palmeiras acumulou 41 partidas, venceu 28, empatou 5 e perdeu 8, marcando 110 gols e sofrendo 53.

Palestra Itália em 42

Jogos: 9
Vitórias: 6
Empates: 2
Derrotas: 1
GP: 21
GC: 12

Palestra de São Paulo em 42

Jogos: 25
Vitórias: 19
Empates: 2
Derrotas: 4
GP: 71
GC: 29

Sociedade Esportiva Palmeiras em 42:

Jogos: 7
Vitórias: 3
Empates: 1
Derrotas: 3
GP: 18
GC: 12

Total Palestra-Palmeiras em 42:

Jogos: 41
Vitórias: 28
Empates: 5
Derrotas: 8
GP: 110
GC: 53


MAIS CONQUISTAS
Troféu Campeoníssimo



Além de chegar ao título paulista de 1942 (o mais cobiçado daquele ano), o Palestra-Palmeiras conquistou também outros títulos e honrarias na temporada, com destaque para o Torneio Início do Campeonato Paulista (considerado o último título do Palestra Italia), o troféu Tuffy Fried (pela defesa menos vazada do Campeonato Paulista – somente 19 gols sofridos) e o troféu Campeoníssimo, sendo este último designado pelo jornal Gazeta Esportiva ao clube que menos pontos perdesse nos jogos disputados entre o chamado Trio de Ferro (Palmeiras, São Paulo e Corinthians) ao longo do Paulistão.





 BUSTOS

Dois jogadores do time campeão paulista de 1942 foram homenageados ao final de suas respectivas carreiras com um busto de bronze, a maior honraria que um jogador pode receber do clube, nas dependências do Parque Antártica. São eles o zagueiro Junqueira, que defendeu o Alviverde de 1931 a 1945, e o médio-polivalente Waldemar Fiúme, que jogou no Verdão de 1941 a 1958. Fora eles, apenas o ex-meia Ademir da Guia (dos anos 60 e 70) teve o privilégio de ser homenageado com tal honraria.

Junqueira e Waldemar Fiúme posam para fotos ao lado de seus respectivos bustos

HINO

O hino da Sociedade Esportiva Palmeiras foi composto em 1949 pelo Dr. Antonio Sergi, falecido em 2003 aos 90 anos. Sergi, além de médico cardiologista, era também um músico muito respeitado. Nascido na Itália, veio para o Brasil ainda muito jovem e testemunhou a trajetória do time esmeraldino de Palestra a Palmeiras. Presume-se que a inspiração para compor o hino, legado oferecido para a torcida palmeirense, tenha surgido justamente pelo fato de Sergi conhecer profundamente e ter vivenciado o episódio da mudança de nome. A letra do hino, aliás, faz referências diretas à identidade do clube, com destaque para os versos finais: “...Que sabe, ser Brasileiro, Ostentando a sua fibra!”

Clique aqui e ouça o hino original de 1949


PROMULGAÇÃO DO DIA DO PALMEIRAS E A PASSARELA PALMEIRAS - ARRANCADA HEROICA

O Dia do Palmeiras, comemorado em 20 de setembro, foi oficializado no dia 13 de setembro de 2005. O projeto de lei 029/46, proposto pelo vereador Edivaldo Estima, foi aprovado pela Câmara Municial de São Paulo para, em seguida, o então prefeito José Serra (PSDB) sancionar a lei em cerimônia com a presença do então presidente do Palmeiras, Afonso Della Mônica, e de outros membros do Conselho Deliberativo do Verdão. A data escolhida para celebrar o “Dia do Palmeiras” no calendário paulistano foi o dia 20 de setembro, em alusão à Arrancada Heroica de 1942.

Além do “Dia do Palmeiras”, o Alviverde recebeu no dia 13 de junho de 2006 outra homenagem da capital paulistana. Nesta data, o prefeito Gilberto Kassab assinou o decreto de número 47.368 dando nome a uma passarela situada nas proximidades da sede do Palmeiras. O nome escolhido foi “Passarela Palmeiras – Arrancada Heróica 1942”, em homenagem ao jogo decisivo que valeu para o Palmeiras o título de campeão paulista. A iniciativa de batizar a passarela foi do então vereador Domingos Dissei.


JOGOS MARCANTES


FICHAS TÉCNICAS                                                          

Último jogo com o nome de Palestra Italia

Palestra Italia-SP 2 x 2 Flamengo-RJ
Data: 25/03/1942
Local: São Paulo - SP
Estádio: Pacaembu
Árbitro: Fioravante D'Ângelo
Competição: Torneio Quinela de Ouro-Taça Supremacia
Publico/Renda: não disponíveis
Gols: Echevarrieta e Lima (Palestra Italia) - Pirillo e Perácio (Flamengo)

Palestra Italia
Oberdan (Clodô); Junqueira e Begliomini; Og Moreira, Brandão e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Echevarrieta, Eduardo Lima e Pipi. Treinador: Del Debbio

Flamengo
Martinho (Yustrich); Domingos da Guia e Newton Canegal; Biguá, Volante e Jayme de Almeida (Artigas); Pirombá, Zizinho (Valido), Pirillo, Perácio e Vevé. Treinador: Flávio Costa

Primeiro jogo com o nome de Palestra de São Paulo

Corinthians-SP 4 x 1 Palestra Italia-SP
Data: 28/03/1942
Local: São Paulo - SP
Estádio: Pacaembu
Árbitro: Jorge de Lima "Joreca"
Competição: Torneio Quinela de Ouro-Taça Supremacia
Publico/Renda: não disponíveis
Gols: Chico Preto (gol contra a favor do Palmeiras) – Dino, Jerônimo, Teleco e Eduardinho (Corinthians)

Corinthians
Rato (G); Agostinho e Chico Preto; Jango, Brandão (Sabiá) e Dino; Jerônimo, Servílio, Teleco, Eduardinho e Milani

Palestra de S. Paulo
Oberdan (G); Junqueira e Begliomini; Og Moreira, Oliveira e Del Nero; Claudio, Waldemar Fiúme,  Echevarrieta, Eduardo Lima e Pipi (Cabeção). Treinador: Del Debbio

Último jogo com o nome Palestra de São Paulo

Portuguesa Santista-SP 0 x 1 Palestra Italia-SP
Data: 13/09/1942
Local: Santos - SP
Estádio: Ulrico Mursa
Árbitro: João Etzel Filho
Competição: Campeonato Paulista
Publico/Renda: não disponível / 19 contos e 26 mil réis
Gol: Romeu Pellicciari (Palestra)

Portuguesa Santista
Ciro (G); Lulu I e Squarza; Gatinho, Ari Silva e Antero; Ferreira, Olegario, Raul, Bemba e Tom Mix

Palestra de São Paulo
Oberdan (G); Junqueira e Begliomini; Og Moreira, Zezé Procópio e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Cabeção, Romeu Pellicciari e Eduardo Lima. Treinador: Del Debbio                                                  

Clipping do jornal Gazeta Esportiva
 
Primeiro jogo com o nome de Palmeiras

Palmeiras-SP 3 x 1 São Paulo-SP
Data: 20/09/1942
Local: São Paulo - SP
Estádio: Pacaembu
Árbitro: Jaime Janeiro Rodrigues
Competição: Campeonato Paulista
Publico/Renda: não disponível / 231 contos e 239 mil réis
Gols: Claudio, Del Nero e Echevarrieta (Palmeiras) – Valdemar de Brito (São Paulo)

Palmeiras
Oberdan (G), Junqueira e Begliomini; Og Moreira, Zezé Procópio e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Echevarrieta, Villadoniga e Lima. Treinador: Armando Del Debbio

SPFC
Doutor (G); Piolim e Virgilio; Silva, Lola e Noronha; Luizinho Mesquita, Waldemar de Brito, Leônidas, Remo e Pardal. Técnico: Conrado Ross.

RETROSPECTO DO PALESTRA

Palestra Italia
Jogos: 842
Vitórias: 551
Empates: 142
Derrotas: 149
GP: 2347
GC: 1040 Palestra de São Paulo
Jogos: 26
Vitórias: 19
Empates: 2
Derrotas: 4
GP: 71
GC: 29 TOTAL
Jogos: 868
Vitórias: 570
Empates: 144
Derrotas: 153
GP: 2418
GC: 1069

Dia do Palmeiras: 70 anos da Arrancada Heroica
Agência Palmeiras
Departamento de História
Bruno Alexandre Elias
20/09/2012 00h01


(Chupinhado do site oficial do Palmeiras)




terça-feira, 18 de setembro de 2012

Arthur Guinness day 2012 video oficial - pinte a cidade Preto



Ae cambada vai ai o video oficial pra aumentar a sede!

Arthur Guinness Day 2012


Ae Cambada,
Ta chegando então preparem seus pints e tropecem até o Pub, bar, bodega, vendinha ou qualquer estabelecimento onde você possa brindar ao homem que descobriu a mistura divina entre malte, lupulo e água... é dia 27 agora!!!